sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A apresentação do novo AC72


Já todos sabíamos que a próxima America's Cup a disputar-se em Valência em 2013 vai ser radicalmente diferente de todas as outras desde que a prova começou em meados do século XIX. A decisão de se voltar a ter uma classe unitária de barcos e de fazer o maxi-catamaran BMW Oracle que ganhou de ponta a ponta a última edição a base da nova classe só podi e só pode, vir trazer muito mais adrenalina e emoção à America's Cup. Pois o barco-padrão, ou melhor, o seu protótipo, acaba de chegar. Concebido pelo arquitecto naval norte-americano Pete Melvin que se especializa em catamarãs e foi quem concebeu o BMW Oracle, o AC72, como se designa, realmente promete não só pelas suas dimensões - 22 metros de commprimento, 14 de largura, 40 de mastro e 260m2 de área vélica - como pelo seu desempenho (o BMW Oracle que é uma boa base para comparações chegou a conseguir fazer 28 nós em 10 nós de vento, algo completamente impensável para um monocasco). Os primeiros barcos desta nova classe só vão competir oficialmente em 2012 mas é quase certo que no ano que vem já vamos ver alguns deles por aí.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A visita do Bontekoning


Não é todos os dias que nos é dado o prazer de estamos próximos de um "big" veleiro mas aconteceu há poucos dias atrás em Cascais. O dito chama-se Bontekoning, tem 24 metros de comprimento e é de um holandês que conseguiu fazer o que muitos gostaríamos, juntar o útil ao agradável. O homem tem o barco, e põe-o a dar voltas ao mundo ou a navegar em lugares de sonho como o Mediterrâneo ou as Caraíbas alugando o barco, ou os seus camarotes à semana, ou à viagem. E para se ter uma ideia se o "negócio" compensa ou não, neste momento ele já está a alugar semanas, nas Caraíbas, para Dezembro! Em Cascais estava de passagem para a Holanda onde vai fazer uma revisão completa, antes de voltar para o mar, para chegar às Caraíbas no fim da época dos furacões.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

2013, em São Francisco


A próxima America's Cup começou finalmente a rolar. Numa apresentação formal do evento que teve lugar em Valência e que contou com a presença de Russel Coutts, o skipper do Bmw Oracle que venceu a última edição, ficou confirmado que ela vai ser disputada em catamarãs, ficou também confirmado que ela vai ter lugar em São Francisco, que vai haver uma série de regatas eliminatórias em barcos mais pequenos que depois vão ser usados para uma "Junior" America´s Cup, e ficou também a saber-se que as tripulações vão ser reduzidas de 18 para 11 pessoas, incluindo um operador de televisão (estes americanos!). A grande novidade, porém, é que a prova vai ter lugar já em 2013, daqui a pouco mais de 2,5 anos. Sendo o Bmw Oracle ainda uma autêntica revolução tecnológica, vai ser extremamente difícil qualquer "contender" conseguir desenvolver um barco ao nível dele em tão pouco tempo, mas a America's Cup é mesmo assim. É só surpresas. Primeiro em terra e depois no mar!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mundo das lanchas clássicas vai mudar



Tanto nos Estados Unidos como na Europa, enquanto os barcos à vela clássicos já vão, aos poucos, começando a despertar as atenções e até já começa a haver algumas regatas só para eles, as lanchas de recreio clássicas ainda são muito pouco apreciadas e valorizadas. Tal, no entanto, poderá vir a mudar, e já muito em breve, com a parceria que foi feita recentemente nos Estados Unidos entre dois pesos pesados entusiastas deste tipo de lanchas, Dan Mecum e F. Todd Warner. Embora desconhecido no velho continente, Dan é quase tão conhecido nos Estados Unidos como alguns políticos da ribalta, grandes jogadores de basebol ou os pastores evangélicos que entram pela casa de milhões de americanos todos os domingos pela televisão. A sua empresa Mecum Auction especializa-se em leilões de automóveis desportivos e destaca-se da concorrência por ter os seus leilões transmitidos em directo pela televisão, aos domingos! Em boa parte graças a este sistema inovador o preço dos automóveis desportivos de colecção não tem parado de subir nos últimos anos ao ponto de há poucas semanas atrás num deles, se ter batido o recorde mundial de venda de um carro desportivo em leilão. O carro, um Daytona Cobra, atingiu o valor estratosférico de 7,25 milhões de dólares. Quanto a F. Todd Warner, é um dos maiores coleccionadores mundiais de lanchas de recreio em madeira. Pois Dan e F. Todd uniram-se com o objectivo de pôr a Dan Auctions a fazer também leilões de lanchas de recreio o que segundo especilistas do ramo pode fazer o valor destas "maravilhas" duplicar ou triplicar nos próximos 12 meses. E o primeiro leilão do género já está marcado. Vai ter lugar dentro de meses e vai ser nada mais nada menos que parte da colecção de F. Todd. Mas, à boa americana, antes do "big" leilão, a Mecum Acution vai fazer uma primeira experiência nesta área já no mês que vem no Salão Náutico de Fort Laudardale na Florida, com o leilão de um só barco, a lancha Elegante de 67pes e de 1964. É uma pena que cá por Portugal já quase não haja nem lanchas nem veleiros de madeira mas quem sabe se a moda também pega!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vem aí mais uma Route du Rhum

É já daqui a pouco mais de um mês. Dia 31 de Outubro tem início na Bretanha mais uma Route du Rhum, uma das mais espectaculares regatas de travessia do Atlântico. Na sua décima edição, a prova vai ligar a cidade de Saint Malo com Pointe a Pitre, na ilha de Guadalupe nas Caraíbas e entre os mais de 50 barcos inscritos, contam-se quase todos oito maxi-trimarans de competição entre os quais o Groupama 3 de Franck Cammas, o Gitane 11 de Yan Guichard e o Cote d' Or de Bertrand Quentin. Apesar dos trimarans serem a principal atracção da regata tanto devido ás suas potencialidades em velocidade como pelo seu aspecto visual, tudo depende muito das condições meteorológicas e de mar que a frota for encontrar no Golfo da Biscais e ao longo da costa ocidental portuguesa. É rara a edição em que um destes monstrinhos não tem que desistir da prova numa destas zonas devido aos estragos causados pelo mau tempo.

A loucura de Cannes


Cannes, o salão dos megaiates fechou as portas, num clima de optimismo moderado como já não se via há muito tempo. As encomendas dos estaleiros especializados neste tipo de barcos de sonho estão no seu valor mais alto desde há uns anos, o design dos mesmos, tanto em vela como a motor, não pára de evoluir e ter-se um megaiate parece que é cada vez mais um símbolo de status económico, e social, para os mega-ricos. Para quem ainda não pode ter um (a esperança é a última que morre, não é?), aqui fica o video oficial da feira.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O barco azul

A ideia é de Xavier Veilhon, um criativo francês com obra feita já no mundo da escultura, pintura e design: criar um barco a motor em que tudo nele fosse de uma só cor. Denominado de Blue Boat, ou barco azul, a embarcação é um dayboat de 6,90 metros
de comprimento construído artesanalmente no estaleiro austríaco Frauscher que desde 1927 se dedica à construção de barcos de recreio personalizados, e o seu motor a gasolina, um Mercruiser de 220cv, atinge a velocidade de ponta de 40 nós. Do casco
ao guiador, coberta, assentos e painel de instrumentos, obarco é mesmo todo azul (com excepção dos manómetros do painel de instrumentos que são azuis com fundo branco), ao ponto do seu nome oficial ser RAL 5015 um acrónimo da sua cor no código de cores RAL. A ideia para já é que o barco seja uma peça única, estimando-se o seu valor em perto de 300.000 euros.

De volta aos bons velhos tempos

No filme Jurassic Park, alguns cientistas particularmente criativos tinham em mente recriar dinaussauros a partir de amostras de DNA dos mesmos. Algo similar parece que vai ter lugar no mundo dos barcos graças ao estaleiro norte-americano Sparkman & Stephens (S&S) que se especializa no restauro de barcos clássicos e na construção de réplicas. A S&S pretende recriar uma série dos famosos veleiros de competição J Class que surpreenderam tudo e todos nas regatas da America's Cup que tiveram lugar em Newport, nos Estados Unidos, nos anos 30 e entre os quais se destacava o famoso Shamrock V de Sir Thomas Lipton e que ainda hoje existe. Embora a S&S não seja o único estaleiro interessado nos "novos" J Class, há pelo menos dois outros que estão também a construir barcos deste tipo, ambos holandeses - a a Bloemsma Shipyard e a Holland Jaatchbouw - a S&S é a primeira que anunciou que vai construí-los em série.



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ali mesmo ao lado

Tava eu ontem, e o resto do batalhão da "nautical press", deliciado a experimentar o novo super motor fora de borda da Honda em Cascais quando umas cinco milhas para oeste, mesmo entre o Guincho e o Cabo Raso, um outro indivíduo andava também a divertir-se em cima da água. E não, não era nenhum outro
marinheiro com pretensões mas sim uma linda e provavelmente jovem baleia corcunda que durante uns momentos por ali se deliciou a fazer umas simpáticas evoluções acrobáticas. Por milagre, ou quase, o feito foi testemunhado pelo nosso circum-navegador Miguel Lacerda o qual, ao que percebo, estava
de passagem por aquelas bandas. Segundo parece já no ano passado, mais ou menos por esta altura, uma outra baleia corcunda - ou seria a mesma? - resolveu um dia ir também a banhos, ou melhor falando a saltos, sensivelmente na mesma zona, junto ao baixio do Raso.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O esperado


Até agora, a Honda tinha um "black spot" em matéria de motores fora de borda, os 115cv. O motor da marca já tinha mais de 10 anos e nos últimos anos era cada vez menos competitivo. Desde esta semana, no entanto, o problema está resolvido. E isto porque a empresa dispõe de um novo motor desta cavalagem quase 30kgs mais leve que o seu antecessor, menos volumoso e com uma série de novidades electrónicas, nomeadamente a nível de optimização da potência em baixa rotação e do consumo de gasolina e que segundo a própria Honda é "claramente" o melhor da sua classe. O motor baseia-se no mesmo bloco do utilizado para os de 135 e 150cv e deverá ter mais saída para barcos cabinados de seis, sete e oito metros de pesca desportiva, e como barco de suporte para empresas de mergulho e outros. O lançamento do motor está a ter lugar esta semana em Cascais e as primeiras unidades vendidas poderão já estar a navegar dentro de uma ou duas semanas. Para quem, como eu, que gosta de andar a "abrir" em barcos a motor, os dois barcos disponíveis para o primeiro contacto com o novo motor, não eram os mais sexys do mercado, embora do ponto de vista comercial mostrem bem

onde ele, o novo motor, pode vingar com mais força. Um era um Atlântico 540, ideal para pesca desportiva mas pouco feito para andar "à maluca" e o outro um Capelli 570, um semi-rígido bastante jeitoso e com muito bons acabamentos mas mais

feito para levar uns seis mergulhadores durante meia dúzia de milhas até ao local de mergulho a uma velocidade de cruzeiro de 15-20 nós e não tão apto para andar só com uma ou duas pessoas a 30 ou 35 nós em evoluções na maravilhosa baía de Cascais. Considerações pessoais à parte sobre os meus gostos adrenalínicos, votos para que a Honda venda muitos deles de norte a sul do país.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O "senhor" Caravelle dos anos 60

Lançado ao mar em 1964 no estaleiro Feaddship na cidade holandesa de Aalsmeer, o Caravelle "Serena", era, e é, uma das lanchas de recreio mais bonitas dessa época. O desenho era da Voogt Naval Architects, já na altura um dos principais ateliers europeus de concepção de grandes lanchas de recreio, a qual concebeu os Caravelle em parceria com a Riva italiana. Construído em aço e com 73 pés de comprimento, o barco teve seis irmãos sabendo-se que pelo menos um outro também se encontra restaurado e em condições de navegar.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Strand Craft 112

Este ainda não existe em carne e osso mas se o preço do petróleo continuar nos actuais níveis, não me admira que um dia destes surja uma encomenda para um vindo da Rússia, ou do Abu Dubai, ou ainda dos Emirados Arabes Unidos. Chama-se Strand Craft 122, como o próprio nome indica tem 122 pés, e é, digamos, hiper-luxuoso em todo. Tem dois motores Rolls Royce que lhe permitem atingir uma velocidade de ponta de 55 nós - Cascais-Algarve em menos de duas horas, um salão com 20 metros de comprimento, cabines dignas de reis, e uma "garagenziha" à popa para um carrinho equipado com um motor de 12 cilindros em "V" com 880 cavalos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lá continuamos a ser os "maus" do costume


Uma das ideias brilhantes do tempo do nosso querido PREC pós-25 de Abril foi a de que quem tinha um barco maiorzinho que um barco a remos tinha que ser era "facista", "capitalista" ou algo parecido. Veio a democracia, e o ter-se barco deixou de ser um pecado tão grave mas passou a ser identificado tanto a nível da comunicação geral como da rua como um sinal de fuga aos impostos. Volta não volta, quando se falava no assunto na televisão ou nos jornais, lá víamos imagens dos pontões da marina de Vilamoura e das suas grandes lanchas (porquê sempre a marina de Vilamoura?) ou de algum barco (normalmente uma lancha porque um veleiro não tem tanta "graça") em lenta evolução, e a entrar ou saír da mesma marina. A paranóia chegou a tal ponto que quando havia grandes lanchas na Nauticampo, tinha que haver, pelo menos num dia da feira, uma visita de dois ou três inspectores das Finanças aos stands das ditas grandes lanchas. Era obrigatório! Pois estamos em 2010, já meio próximos de 2011 e os barcos ainda continuam a ser dos "maus". Pelo menos é o que se pode concluir da foto acima, publicada no Público de ontem com o título "Fisco continua a ignorar sinais exteriores de riqueza". Quando será que gente que supostamente devia ter um bocadinho mais de cabeça que a maioria, deixa de atirar pedras aos "coitadinhos". Dá vontade de os convidar para uma conversa com uma cervejinha ao lado para lhes explicar que este discurso dos barcos já está muito ultrapassado e cheira a mofo.

domingo, 29 de agosto de 2010

Encalhado num baixio não mapeado


Aconteceu ontem no Oceano Ártico. Aproveitando o degelo provocado pelo aquecimento global, um navio de passageiros especializado em passeios na região, o Clipper Adventure, aventurou-se por águas antes completamente geladas a norte dos territórios setrentionais do Canadá e encalhou. Para já não há grandes informações do acidente a não ser que o barco está com uma inclinação de uns cinco graus para bombordo e não estará a meter água. Não há feridos e os passageiros estão a ser tirados do barco e encaminhados por outros barcos para a pequena cidade de Kugluktug, a localidade mais próxima. A região onde o Clipper Adventure encalhou encontra-se relativamente próximo da rota que o aventureiro brasileiro Betão pretende seguir no ano que vem na sua tentativa de ligar a Groelândia com o Estreito de Bering.

Punta Arena e Punta del Garda


Todos sabemos que os bifes não são os melhores poliglotas do mundo mas um, de nome Nicholas Hill, excede as melhores expectativas. Velejador temerário, com dezenas de viagens oceânicas no seu curriculum tanto do sul de Inglaterra, onde vive, para o outro lado do Canal da Mancha e para o Mar do Norte como para os Açores, onde o seu veleiro de 27 pés já foi duas vezes, Nicholas descreve as suas viagens marítimas no seu site http://www.channelpilot.info/blog.php numa linguagem acessível e com uma boa profusão de fotos, sobretudo das entradas nos portos do centro e norte da Europa o que a nós meros mortais dos confins do sul do continente nos permite ter uma ideia de como será entrar-se lá de barco. O que, porém, me deixou baralhado, foi a sua descrição da chegada aos Açores. Depois de várias peripécias que o obrgaram a fazer uma escala não prevista no norte de Espanha, Nicholas faz um rumo directo aos Açores, apanha tempo qb e passados 14 dias de ter deixado Plymouth, vê "Punta Arenas" no nordeste de São Miguel, ronda a ilha por leste e depois por sudeste e vem aterra em "Punta del Garda", onde se mostra surpreendido pela cidade, as gentes e a maior parte dos serviços da marina (a lavandaria é que parece que não o agradou). Estupendo, mas há qualquer coisa que não está certo, não há?. Punta Arenas, Punta del Garda? Será que isto afinal não é na América do Sul e não tem nada a ver com os Azores? Podia ser, mas não é. O mapa do rumo seguido por Nicholas não deixa margem para dúvidas: o tipo foi mesmo aos Açores. Mas então onde é "Punta Arenas" e "Punta del Garda"? Quem vem de Inglaterra para São Miguel, a primeira coisa que deve ver de terra, ou que pode ver, é a Ponta do Arnel, no extremo nordeste da ilha. Punta Arenas, Punta do Arnel... Dever ser. E quanto a Punta del Garda, pus outra vez a cabeça a funcionar e lembrei-me que na costa sul da ilha só há duas marinas. Uma em Vila Franca do Campo, e a outra em Ponta Delgada. "Punta der Garda", só pode ser, não é? As descrições das viagens do homem, e são muitas, até são engraçadas mas se ele é tão preciso com nomes como com estas, é melhor ler-se as descrições com um "pinch of salt" como dizem os próprios bifes.

sábado, 28 de agosto de 2010

Scapa Flow

O U36, irmão do U47

Já tinha ouvido várías vezes o nome mas se me perguntassem onde ficava, não fazia a mínima ideia. Até podia ser no Hawai ou nas Ilhas Marquesas, mas só agora neste mês de Agosto, quando um livro sobre a saga dos U boats me veio parar às mãos, é que me dei conta do que foi. Fica nas ilhas Orkney, a norte da Escócia, e é o nome de uma baía muito grande e quase fechada, que os ingleses tanto na primeira como na segunda guerra mundial usaram como base natural para a sua frota de guerra. Em face da sua imagem de "impregnável" e da quantidade de barcos de guerra que tinha no seu interior, era uma tentação atacá-la e o almirante Donitz, o comandante da esquadra alemã de U boats desafiou um dos seus comendantes, Ghunter Prien, a entrar na baía - e a fazer o máximo de estragos no seu interior. A única entrada da baía era
O trajecto da entrada e saída do U47 na baía

fortemente guardada e minada e era suicídio entrar por ela mas os alemães decidiram arriscar fazer passar o U boot de Prien por uma micro-entrada onde havia três navios da primeira guerra naufragados. O único espaço possível para se entrar por lá era uma pequena brecha entre dois dos três barcos onde a profundidade era de apenas oito metros na preia-mar. Em navegação abaixo da superfície, o U-47, o submarino de Prien, ainda raspou na corrente da âncora de um dos barcos mas conseguiu passar e acabou afundando um dos maiores couraçados da Royal Navy, o Royal Oak. Apesar das fortes defesas da base, na altura pensou-se que o ataque tinha sido obra de um avião. Para além do afundamento do Royal Oak, o ataque teve, na altura, um grande efeito psicológico na marinha de guerra alemã mas a aura dos U boot só durou até meados de 42. Daí para a frente, com a invenção do sonar e outras inovações tecnológicas de luta anti-submaria, as forças aliadas, aos poucos, conseguiram acabar com o domínio dos U boot. Dos 2000 que os alemães construíram entre 1939 e 45, mais de 1000 foram afundados em combate, enquanto 500 foram descomissionados por envelhecimento natural. Dos restantes, 300 foram entregues às forças aliadas no fim da guerra e 200 foram destruídos pelas suas tripulações a seguir ao anúncio da capitulação das forças Nazis. Curiosamente destes 200, dois foram destruídos nas costas portuguesas, um deles próximo de Leixões.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Bluenose e os doris


Há muito tempo que não me debruçava sobre a pesca do bacalhau que tantas tradições tem para nós portugueses mas hoje, ao tentar descobrir dados na net sobre o "Bluenose", um brigue canadiano cheio de história de que vamos falar na próxima Barcos&Barcos, descobri algumas fotos históricas fantásticas sobre esta faina

que, afinal, além de faina tem também a ver com vela. Deixo aqui duas delas, uma do próprio Bluenose e outra de uma fila de doris todos espaçados, e todos com vela. A qualidade não é excelente mas o assunto, a beleza do Bluenose, e o posicionamento dos doris a perder de vista compensam, e de que maneira.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O salvamento da Abby


Abby Sunderland, a jovem navegadora da Califórnia de 16 anos que queria tornar-se a navegadora mais nova de sempre a dar uma volta ao mundo à vela em solitário, viu-se obrigada a desistir do seu sonho depois do seu veleiro de 11 metros, o "Wild Eyes" ter perdido o mastro numa tempestade no oceano Índico, 300 kms a sudeste das Ilhas Kerguelen. A foto acima capta o momento em que a jovem foi recolhida por um semi-rígido de apoio do arrastão francês "Ile de Reunion" que se encontrava na zona quando o "Wild Eyes" foi colhido pela tempestade. O seu períplo tinha sido vivamente criticado devido não só à sua idade como à sua decisão de fazer a volta ao mundo em pleno inverno austral e ainda devido ao reality show dos seus pais sobre a sua viagem.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Camper/New Zealand, a quinta estrela da Volvo


Ainda faltam quase um ano para o seu começo mas a próxima Volvo Ocean Race já conta com cinco barcos participantes confirmados. Depois de na semana passada a Puma ter confirmado a sua presença, o Real Club Nautico de Palma e o New Zealand Yacht Squadron asseguraram a sua presença com o barco Camper cujo patrocinador principal é a marca espanhola de sapatos desportivos do mesmo nome. Para além do Camper e do Puma, os outros barcos já inscritos são o Groupama de Franck Cammas, o Abu Dhabi e o Italia 70.

domingo, 21 de março de 2010

48 dias, 7 horas, 44 minutos e 52 segundos


Menos de sete semanas depois de passarem a linha de partida em Ouessant, no extremo noroeste de França, Fanck Cammas e a sua tripulação de nove homens fizeram história ao baterem por quase dois dias o anterior recorde da volta ao mundo à vela estabelecido em 2005 por Bruno Peyron com o "Orange 2", tornando-se com isso os novos detentores do troféu Júlio Verne. É mais um a acrescentar aos muitos recordes que o barco, o Groupama 3, já detém, se bem que este tem um sabor muito especial. E isto não só porque se trata da volta ao mundo, a prova mais longa que é possível imaginar para barcos à vela, como também porque Franck Cammas já tinha tentado bater o recorde por duas vezes, primeiro em 2008 e depois no ano passado, e tanto numa como noutra viu-se obrigado a desisitir, da primeira vez por o Groupama 3 se ter virado em mau tempo ao largo da Nova Zelândia e no ano passado devido à ruptura de um braço flutuador de bombordo cinco dias depois da largada. Criado em 1990 por um grupo de velejadores oceânicos de renome internacional, o troféu Júlio Verne teve como primeiro detentor o mesmo Bruno Peyron que detinha o mais recente recorde. Na altura Peyron fez o tempo de 79 dias e 6 horas o que foi considerado muito bom. O recorde agora estabelecido de 48 dias e 7 horas - menos 31 que o original! - é o sétimo nos 17 anos desde a criação do troféu e que, curiosamente, tem estado quase sempre na mão de velejadores franceses. Os únicos "intrusos" que conseguiram meter-se entre os gauleses foram Peter Blake e Robin Knox Johnston em 1994!


sexta-feira, 19 de março de 2010

Ouessant à vista


Tudo indica que sim, que o Groupama 3 vai bater o recorde do mundo, e não só isso. Se não houver contratempos de última hora, o trimaran de 115 pés de Franck Cammas vai conseguir completar a volta ao mundo abaixo da mítica marca dos 50 dias, algo que ainda há menos de um ano atrás era considerado extremamente difícil. Neste momento o barco já navega a nordeste dos Açores e encontra-se a menos de 1000 milhas de Ouessant, o ponto de partida, e chegada, da volta. O Groupama está a passar por uma região de alguma instabilidade mas está a conseguir navegar acima dos 20 nós e a sua aterragem está prevista para próximo das 12.00 horas de amanhã, sábado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O recorde volta a ser possível


Depois de três dias de algum desânimo devido ao atraso cada vez maior em relação ao tempo de referência do Orange 2, o Groupama 3, o trimaran gigante de Franck Cammas que está a tentar bater o recorde da volta ao mundo à vela, ganhou 200 milhas nas últimas 24 horas em relação ao seu concorrente virtual e tem tudo para conseguir reduzir essa diferença a zero já nas próximas 24 horas. E isto porque enquanto o Groupama 3 está a navegar a 29 nós, o Orange 2 há cinco anos atrás, nesta mesma latitude, encontrava-se numa zona de calmarias a fazer 2,5 nós. Tudo depende agora do Groupama 3 não ter avaria nenhuma e das previsões actuais de ventos moderados de sudoeste nos próximos dias, se manterem. Caso tal aconteça, o Groupama 3 deve chegar a Ouessant antes do fim de semana e com um tempo 12 a 20 horas abaixo dos 50 dias, 16 horas e 20 minutos conseguidos pelo Orange 2 em 2005 e que, desde então, ninguém conseguiu bater.

terça-feira, 9 de março de 2010

Avanço torna-se atraso


Tudo parecia estar a correr bem ao Groupama 3 de Franck Cammas nesta sua terceira tentativa de bater o recorde da volta ao mundo à vela. Na passagem do Cabo Horn, na quinta-feira passada, o skipper francês tinha um avanço de quase 300 milhas sobre o tempo feito pelo catamaran também francês Orange 2 há dois anos atrás mas com os ventos fracos que apanhou nos últimos dias, e que o obrigaram a navegar para leste em direcção às Malvinas, a situação alterou-se, e de que maneira. Neste momento o Groupama 3 já está com um atraso de 350 milhas em relação ao Orange 2 e embora já tenha conseguido apanhar vento que lhe permite navegar para norte, em direcção ao Equador, as previsões meteorológicas não jogam a seu favor. Hoje e amanhã deverá apanhar duas frentes de sul, sudoeste com rajadas fortes que podem aproximar-se dos 40-50 nós, o que o vai obrigar a rizar velas e a navegar com algumas precauções, enquanto depois de quarta estão previstos dois a três dias de calmarias. Se na primeira metade da volta, este atraso e estas condições poderiam não parecer graves, agora, com pouco mais de 5000 milhas de navegação pela frente, a situação é bem diferente e qualquer atraso ainda maior pode revelar-se fatal para o recorde.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem disse que um cata não dá adrenalina?


Já está na net há alguns meses mas eu, pelo menos, ainda não tinha visto. O barco é um catamaran australiano de 14 metros, o "Sultanate" e seu skipper, Ian Sloan. Ian vinha a subir a costa leste da Austrália, desde a Tasmânia, e resolveu entrar no estreito de Southport. Teria sido mais seguro subir mais umas 100 milhas até Brisbane e depois descer pela ria interior outras tantas milhas até Southport, mas por algum motivo decidiu tentar a sorte e entrar directamente no estreito, e isto muito embora o mesmo tivesse ondulação quebrada de cinco metros. Esperou cerca de 12 horas à entrada do estreito e de repente, sem que nada o fizesse prever, avançou à frente de uma onda. Como num bom filme de cowboys norte-americano, por momentos parece que o catamaran se vai atravessar todo à onda mas no final, tudo termina bem. É caso para dizer, "não foi desta".

sexta-feira, 5 de março de 2010

Agora o Atlântico


Franck Cammas e o seu Groupama 3 já dobraram o Cabo Horn e agora "só" já têm pela frente 6500 milhas até chegarem a Oueussant, a pequena ilha no extremo noroeste de França de onde partiram à exactamente um mês para bater o recorde da volta ao mundo à vela. Ainda têm um avanço de 150 milhas relativamente ao tempo do Orange 2, o barco também francês que em 2007 estabeleceu o actual recorde, mas podem vir a perder este avanço já nas próximas 48 horas se se confirmar a zona de calmarias que têm a nordeste do Cabo a qual, a confirmar-se, vai obrigar o Groupama 3 a ir buscar ventos umas 400 milhas mais para leste, já próximo das Malvinas. Na primeira tentativa de bater o recorde, em 2008, quando o barco navegava o sul da Nova Zealândia, uma das traves laterais de fixação dos bolbos partiu-se, o Groupama 3 virou-se e a tentativa de bater o recorde da volta ao mundo teve que ser adiada. Agora,a estrutura do barco tem-se portado razoavelmente bem, os ventos têm sido do melhor que há, mas nesta subida do "velho" oceano, tudo ainda pode acontecer. 150 milhas em trimarans gigantes como este que fazem mais de 700 milhas por dia é pouco mais que nada.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Assustador!


Apesar de por cá não ter sido tão assustadora como se previa, a tempestade Xynthia ganhou força na Biscaia e atacou com toda a força ao aterrar na costa oeste francesa. E apesar de uma tempestade destas não aterrar num lugar só - a sua frente era de centenas de quilómetros - a zona de La Rochelle, onde se localiza a marina de Minimes, a maior da Europa, foi duramente atingida. De tal maneira que o vento - e a maior maré cheia dos últimos 100 anos - conseguiram afundar, danificar e "empoleirar" dezenas de barcos a motor e à vela. A posição de equilíbrio no ar em que este catamaran de 14 toneladas ficou, mostra bem a violência do que aconteceu. Foi a 1000 quilómetros de Portugal, mas se a natureza assim o tivesse decidido, podia perfeitamente ter sido em Aveiro, na Figueira, em Cascais, ou em Lisboa. Assustador, não é?

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Tsunami de que o Rui se safou


A ideia paradisíaca que temos das ilhas Galápagos pode não corresponder à realidade. Que o diga Rui Soares, o ANCista que está a dar a volta ao mundo no Thor VI. Rui encontrava-se, e encontra-se, em Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz, uma das duas maiores do arquipélago, quando teve lugar o recente terramoto do Chile. Passada nem uma hora do sucedido, o Thor VI, assim como todos os outros barcos que se encontravam fundeados na baía da cidade, receberam ordens do comandante do porto para saírem para o mar e lá ficaram durante algumas horas até os efeitos da Tsunami provocada pelo terramoto terem passado. O video junto, mostra do que se safaram, e o que sofreram os barcos que lá ficaram, incluindo dois que fazem parte da mesma volta ao mundo em que o Thor VI está inserido e que não saíram para o mar, um (Hallberg Rassy) porque estava sem motor e o outro (um Beneteau) porque estava sem tripulação!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Espectáculo na certa


Há uns três anos atrás ficámos todos a chorar quando Lisboa foi perterida em favor de Valência como o local de realização da America's Cup de 2008 mas parece que agora vamos puder tirar a barriga de misérias com o anúncio oficial feito hoje que a cidade vai ser uma das sete escalas da próxima Volvo Ocean Race. Para além de Lisboa, a única outra escala também já oficial é a Cidade do Cabo, na África do Sul, a qual vai servir de palco á chegada da primeira etapa que compreende a descida do oceano Atlântico. Por definir ainda estão a escala a seguir a esta, de ligação do Atlântico ao Médio Oriente, a terceira no extremo leste do oceano Ìndico, a quarta, algures na costa leste do continente asiático, a quinta, na costa oeste do oceano Atlântico, e a sétima, na Europa Central, antes da chegada à Noruega, onde deve terminar a prova. Entre as cidades candidatas á segunda escala, as que se perfilam como as mais prováveis são o Dubai ou o Abu Dhabi, enquanto Auckland na Nova Zealândia é apontada como quase certa para a terceira. Daqui a frota da Volvo Ocean Race deve rumar para a China. A grande dúvida reside nas duas outras etapas, a da costa oeste do Atlântico e a da Europa central. Tanto São Sebastião, no litoral de São Paulo, como a cidade norte-americana de Nova Iorque mostram-se muito interessadas na primeira das duas, enquanto para a escala da Europa Central haveira uma disputa entre a cidade francesa de Lorient e a irlandesa de Gallaway. No caso da etapa portuguesa, a base da mesma vão ser as antigas instalações da Docapesca, em Pedrouços, sendo muito provãvel que depois da etapa, as mesmas sejam transformadas numa zona residencial de luxo, um pouco á semelhança da Expo, com marina. Para já a Volvo conta com quatro barcos inscritos: o Puma norte-americano, o Groupama 4 francês, o Telefónica espanhol e o Fiat italiano.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

40 nós em Cascais

Pelo menos em Cascais, a baixa cavada que nos visitou ontem não foi tão forte como se esperava mas não foi por isso que deixou de ser um espectáculo inolvidável. Vento forte do quadrante sul e mar zangado juntaram-se numa combinação mutante verdadeiramente íncrivel, daquelas que só muito de vez em quando temos a oportunidade de ver. Para quem não teve a sorte de estar lá à hora certa - entre as 12.00 e as 13.00 - aqui ficam quatro fotos que mostram bem como lá se estava.


Vista da marina em direcção à Parede, com o mar a entrar pela baía como é raríssimo ver-se. Acredite-se ou não, além de alguns barcos de pesca, havia um veleiro fundeado na baía que lá ficou a apreciar o espectáulo em primeira mão.


A entrada da marina vista do pontão de recepção. Para as ondas conseguirem passar o "chão" de rocha que há a sulsudoeste dele e ainda chegarem ao molhe com aquela violência, imagine-se a força do mar.


O molhe exterior, junto ao farol de Santa Marta. As ondas mais altas passavam o molhe e passavam por cima do convês dos barcos amarrados nos pontões mais próximos do dito.


O mar junto ao forte de Oitavos, a meio caminho entre o farol da Guia e o Cabo Raso. Repare-se na formação das ondas com rebentação, bem para lá da zona natural de formação das mesmas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A caminho do Pacífico


Quase um mês depois de ter deixado a Bretanha para a sua tentativa de bater o recorde da volta ao mundo à vela conseguida em 2005 pelo Orange 2, o Groupama 3 de Franck Cammas parece ter todas as condições para conseguir alcançar o feito. Na quarta-feira passada, o trimaran gigante entrou no oceano Pacífico com um avanço de 360 mlhas, relativamente ao conseguido pelo Orange 2 no mesmo numero de dias e segundo as últimas previsões meteorológicas, poderá conseguir aumentar este avanço para 650 a 700 milhas quando, daqui a umas duas semanas, chegar ao Cabo Horn. Apesar da primeira parte da viagem não ter corrido da melhor forma - a falta de vento durante alguns dias no Atlântico fez com que o Groupama 3 passsse o cabo da Boa Esperança com um atraso de 340 milhas em relação ao tempo do Orange 2 - uma superfície frontal no Índico que praticamente acompanhou sempre o barco até ele chegar à longitude da Tasmânia permitiu-lhe não só recuperar esse atraso como ganhar as 360 milhas que dispõe actualmente. De acordo com a equipa de terra do Groupama, com um pouco de sorte, o veleiro pode conseguir fazer a maior parte da travessia do Pacífico com outra superficie frontal a acompanhá-lo quase até ao continente americano o que, faria com que só com um grande azar no Atlântico o recorde não venha a ser batido.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Rajadas verticais?


Os últimos naufrágios de barcos de pesca na costa portuguesa não podem deixar de tocar fundo em qualquer um de nós que gosta do mar sobretudo porque as vidas que se têm perdido são de homens que estão no mar para ganhar o seu sustento. Do ponto de vista náutico, porém, o naufrágio do "Concordia" no Brasil, apesar de não ter causado vítimas, é o mais assustador. Não só por causa do tamanho do barco - o "Concordia" tinha para cima de 50m de comprimento o que fazia dele já um barco a sério, - mas também por causa das aparentes causas do naufrágio: uma rajada vertical que o terá feito adornar para lá do ponto de retorno. Rajadas verticais em terra já tinha ouvido falar delas. Têm lugar sobretudo em zonas montanhosas - as da Arrábida no verão são famosas - e em menor grau em terrenos agrícolas entre plantações diferentes. No mar, pelos vistos também existem mas suponho que são daqueles fenómenos como os FCT (fenómenos de convergência térmica) os quais sempre existiram mas só agora se começam a perceber melhor. As próximas semanas vão ser interessantes para ficarmos a saber mais sobre elas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tecnicamente genial, mas pouco mais


Depois de dois anos e meio de discussões nos tribunais e fora deles, a 33ª America's Cup lá teve lugar em Valência. Tanto na primeira como na segunda regata, o BMW Oracle/America 17 não deixou margens para dúvidas sobre qual o melhor barco em prova. Na primeira ganhou ao Alinghi 5 com uma vantagem de 15 minutos e 29 segundos (num percurso de 40 milhas) enquanto na segunda (com 39 milhas) ficou-se por cinco minutos e 25 segundos. Para quem, no entanto, se lembra das últimas America's Cup com vários monocascos a competir uns contra os outros, metro a metro e prova a prova, e depois com uma final a dois, a edição deste ano ficou muito longe das emoções do que é uma America's Cup "a sério". Valeu a genialidade técnica dos responsáveis pela concepção dos dois barcos, sobretudo a equipa do America 17 com a sua ideia, bem conseguida, de substituírem a vela grande por uma asa gigante que permite ao barco fazer mais de 20 nós em oito de vento aparente. Resta-nos a esperança que Larry Elison, o todo poderoso patrão da Oracle, armador do America 17 e, em última instância, o homem que vai decidir o figurino da próxima edição, opte porque ela seja novamente uma America's Cup à antiga: com barcos, muitos barcos, e com regatas, muitas regatas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Marius o grande, Paulo o temerário, e os outros


Bom tempo, solinho, céu cinzento, pingos de chuva, mar calmo, mar batido, vento de porão, vento a sério, o cruzeiro "Rio Acima", apesar de pequeno nas distâncias, teve um pouco de tudo. Depois de um sábado marcado pela chegada da frota à Marina do Parque das Nações (MPN) e um programa "sociah" bem simpático organizado pela empresa Rui, Selma & Cia, domingo estava reservado para navegações a sério. A saída da MPN para Alhandra teve lugar pouco depois das 10.30 com doze barcos, dos três aos 15 metros a partirem para a pequena grande aventura que é sempre qualquer subida do Tejo. E foram exactamente o barco maior, o "Atria 45" e o mais pequeno, o "Blue Seven Aux" que protagonizaram as aventuras do dia. Dirigido pelo comandante Marius França Pereira, o "Atria 45" com os seus 2,8 metros de calado, fez-se valentemente às surpresas do canal para Alhandra que, apesar das dragagens do ano passado, continua mal marcado, nomeadamente junto à bóia 6 a qual devia estar uns bons 20 metros mais para sul (alguém me explica como é que a APL, tão zelosa em certas coisas, é tão desleixada nisto?). Pois lá chegado, e apesar do rio na altura já estar com meia maré, o Atria 45 ainda andou por instantes a "O" centímetros do fundo mas a calma e o sentido de orientação do seu skipper fizeram-nos descobrir o canal qual caminho marítimo para a Índia, e o pequeno porta-aviões, apesar do susto, lá chegou a Alhandra sem uma beliscadura.


Quanto ao pequeno Blue Seven Aux, partiu da MPN com um motor eléctrico de 0,75kw, o equivalente a 1cv, tendo como timoneiro Paulo Martins. Apesar do seu espírito aventureiro, a mareta que se fazia sentir para norte da Ponte Vasco Gama, falou mais alto, e Paulo viu-se obrigado a fazer uma parte da viagem à boleia de outro barco do cruzeiro, mas antes de chegar a Alhandra fez questão de voltar com o seu barco para dentro de água, para lá chegar pelos seus próprios meios, eléctricos. Com a água que apanhou pelo caminho, poder-se-ia dizer que tinha ficado vacinado para outra experiência do género mas Paulo diz que só precisa de um dia com "mar" um pouco melhor para conseguir fazer o percurso todo sem ajudas. Fixe, meu!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Alhandra here we go


Faltam menos de 48 horas para o arranque do cruzeiro "Rio Acima" que vai levar quase 20 veleiros de Lisboa até Alhandra. Parece uma brincadeira de crianças - afinal Alhandra está mesmo às portas da capital - mas para que tudo corra bem o eu, o comandante Rui e o comandante Tokatoka, os três carolas por trás do passeio - já perdemos umas boas horas a falar com os responsáveis disto e daquilo, a estudar percursos, a verificar previsões de tempo, e outras coisas (incluindo o arranjar um semi-rigido com motor eléctrico para quem o quiser experimentar na Marina do Parque das Nações na véspera do passeio). Só quando tudo tiver terminado vamos puder dizer como correu, mas que vai ser engraçado verificar se pensámos em tudo e se o tempo se aguenta, lá isso vai.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Lisboa bo show


O nome completo é Lisboa Boat Show, eu sei, mas aquilo é tão pequenino, pouco mais de meio pavilhão da Fil, que não sei se não seria mais apropriado um outro nome que transmitisse por um lado a ideia que o evento é uma feira de barcos mas que, ao mesmo tempo, não nos deixasse ilusões sobre a sua dimensão. Mas, posto isto, até que vale a pena ir á feira. Encontra-se gente barcófila com muitas histórias para contar, vê-se, mesmo assim, uma ou outra novidade, e vem-se de lá com ideias. O motor eléctrico da Geeqardo, o novo semi-rigido 646 da Hydrosport, o Black Fin da Touron, o Capelli cabinado da Angel Pilot, o Bavaria 32 e o Dufour 40E, o Azimut 58, etc, etc. O fim de semana é curto, é verdade, mas quem ainda não foi e não está ainda a incluir uma visita à feira, é capaz de depois vir a arrepender-se.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Groupama 3 partiu


Após semanas de espera, o trimarã gigante Groupama 3 com Franck Cammas como skipper partiu da ilha de Ouessant, na Bretanha, para a sua nova tentativa de bater o recorde de volta ao mundo à vela que desde 2005 se mamtém em 50 dias 16 horas e 20m. Apesar das condições meteorológicas não serem as ideais - o vento à partida é de 20 nós do quadrante norte mas a passagem do Cabo Finisterra sem problemas depende de uma janela de ventos favoráveis que, para já, só vai durar três horas - se tudo correr bem, o Groupama 3 poderia chegar ao Equador em cerca de seis dias o que é considerado por Franck Cammas como "minimamente aceitável" para um possível novo recorde.

Nos mares da Póvoa


Estava agendado há quase três semanas mas devido às nacionais-burocracias, parecia um daqueles partos que duram nove meses e nem menos um dia. Mas, enfim, lá aconteceu, o teste do primeiro Bavaria 32 chegado a Portugal. Foi no sábado passado na Póvoa e embora a mim me tenha calhado a função de fotógrafo de serviço, gostei, gostei muito mesmo. Gostei do barco, da maior dos seus detalhes embora não de tudo - mas também até hoje ainda não gostei de nenhum barco da cabeça aos pés - gostei muito da equipa dos testes - eu, o comandante Rui e o comandante TokaToka - e gostei muito do Sr Vagueiro, o meu companheiro de oceano Atlântico num pequeno barco de fibra de cinco metros de onde foram feitas as fotos do Bavaria. Depois com uma saída à noite com os amigos, acabou por ser um dia de 22 horas, mas valeu!

sábado, 16 de janeiro de 2010

À espera, novamente, de tempo razoável


Enquanto tento descobrir tempo para começar a escrever um livro das aventuras vividas na minha recente travessia de Portugal em semi-rigido, os planos para a próxima aventura já se começam a delinear. Neste momento, as minhas inclinações vão para uma travessia oceânica em hobbie cat mas vamos ver. Tenho que estudar uma série de coisas antes de dizer go, go, go. Pode ser que consiga, pode ser que não, mas como tenho pouco para fazer, é onde estou agora a concentrar os meus pinsamentos de Primavera e Verão. Posto isto, gostava de aproveitar aqui para mandar um pedido lá para cima, para o São Pedro, para ele me dar uma janelinha de bom tempo na semana que vem, para eu puder ir para o mar fazer um teste de vela xpto nos nortes. Ao que parece depois do dilúvio dos últimos dias, e de hoje ainda no dito norte - o Windguru fala em 17mm, nem sei o que é isso, deve ser uma piscina cheia de água - entre terça e quinta vamos ter tempo aceitável. Ojalá!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Só em terra


O anúncio oficial deve ter lugar hoje mas ao que tudo indica a original ideia de virmos a ter uma feira de barcos dentro de água como parte do Lisboa Boat Show vai ficar em águas de bacalhau. Para além da conjuntura não ser a mais simpática, os preços cobrados pela AIP para quem quisesse ter barcos na Marina do Parque das Nações como parte da feira não terão entusiasmado muitos potenciais expositores na água. É pena. O outro lado da moeda é que as empresas e particulares que quiserem trazer barcos, novos ou em segunda mão, para a marina e promovê-los lá por sua conta, estão livres para o fazer. E, entre os vários que poderão vir a estar lá nessa base, um, pelo menos, é uma atracção garantida. Trata-se do único Cigarette de última geração existente em Portugal, o qual atinge uma velocidade de 90 nós!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Recuerdos de uma aventura

Enquanto vou tentando organizar-me para arranjar tempo para fazer um livro sobre a pequena grande aventura que foi a travessia do Portugal continental na água, aqui ficam umas fotos de alguns dos lugares espectaculares por onde passei e de algumas das muitas pessoas maravilhosas que encontrei no caminho.


No rio Minho, com o comandante Rui Silva e a jovem campeã de remo Carolina.


Na Marina do Freixo, com o espectacular responsável da mesma, o João Pinheiro, e dois outros tripeiros, também eles entusiastas de semi-rigidos.


No Pocinho, com António Ferreira e Beatriz Máximo, dois abragoneses apaixonados por tudo o que é norte em geral e pelo Douro em particular.


Com o Sr Benjamim, a arranjar gasolina na aldeia de Escalhão, onde nunca nenhum barco alguma vez chegou por água, nem nunca vai chegar!


Os veleiros, estacionados no pontão da Avela, em Aveiro, os meus "amigos" na cidade dos canais (os amigos, amigos, estava tudo ocupado!).


Na Figueira, em casa do Jorge Roque e família, com a maravilhosa cataplana feita em tempo recorde pela mulher, a retemperar de um almoço a seco que tive no mar nesse dia!


Em Peniche, com o amigo Zé do Clube Náutico de Peniche, pronto a carregar um jerrican no HM IV (que felizmente não foi preciso).


No Tejo, perto de um a princípio carracundo mas depois conversador pescador da aldeia do Escaroupim.


Perto de Benfica do Ribatejo, com uma tripulação de quatro velejadores bem dispostos que estava a passar o fim de semana em Valada.



No Sado, na aldeia de Vale de Guizo. Não se vê gente mas a família da tasca local merecia estar aqui. A preocupação em ainda voltar para o mar e chegar a Sines com luz, fez-me esquecer tirar uma fotografia!


Junto à entrada do rio Mira, a pedir informações à prestável tripulação do "Estrela da Manhã" (quem disse que em Vila Nova os pescadores não ajudam?).


Dois penichenses simpáticos que "emigraram" para Lagos devido às restrições locais para passeios marítimo-turísticos e que ficaram entusiasmados em fazer uma travessia parecida com a nossa!


Na Ria Formosa, onde a tripulação era constituída pelo Zé Tó Pina Serra e o Luís Carvalho que depois ajudaram, e muito a trazer o Honda Marine IV para revisões na Honda, em Albarraque.


Algures entre Olhão e Tavira. Sem pressas nem stress!


A ilustre tripulação da subida do Guadiana: o Topi (à direita), o Miguel Vilar (ao centro), e o Fernando Aleixo (à esquerda).


Mais de 50 anos de experiência tinha este amigo pescador de Penha de Águia o qual, apesar de reformado, ainda se lembrava das muitas passagens do Guadiana na sua zona na qual era preciso ter-se cuidado.