domingo, 21 de março de 2010

48 dias, 7 horas, 44 minutos e 52 segundos


Menos de sete semanas depois de passarem a linha de partida em Ouessant, no extremo noroeste de França, Fanck Cammas e a sua tripulação de nove homens fizeram história ao baterem por quase dois dias o anterior recorde da volta ao mundo à vela estabelecido em 2005 por Bruno Peyron com o "Orange 2", tornando-se com isso os novos detentores do troféu Júlio Verne. É mais um a acrescentar aos muitos recordes que o barco, o Groupama 3, já detém, se bem que este tem um sabor muito especial. E isto não só porque se trata da volta ao mundo, a prova mais longa que é possível imaginar para barcos à vela, como também porque Franck Cammas já tinha tentado bater o recorde por duas vezes, primeiro em 2008 e depois no ano passado, e tanto numa como noutra viu-se obrigado a desisitir, da primeira vez por o Groupama 3 se ter virado em mau tempo ao largo da Nova Zelândia e no ano passado devido à ruptura de um braço flutuador de bombordo cinco dias depois da largada. Criado em 1990 por um grupo de velejadores oceânicos de renome internacional, o troféu Júlio Verne teve como primeiro detentor o mesmo Bruno Peyron que detinha o mais recente recorde. Na altura Peyron fez o tempo de 79 dias e 6 horas o que foi considerado muito bom. O recorde agora estabelecido de 48 dias e 7 horas - menos 31 que o original! - é o sétimo nos 17 anos desde a criação do troféu e que, curiosamente, tem estado quase sempre na mão de velejadores franceses. Os únicos "intrusos" que conseguiram meter-se entre os gauleses foram Peter Blake e Robin Knox Johnston em 1994!


sexta-feira, 19 de março de 2010

Ouessant à vista


Tudo indica que sim, que o Groupama 3 vai bater o recorde do mundo, e não só isso. Se não houver contratempos de última hora, o trimaran de 115 pés de Franck Cammas vai conseguir completar a volta ao mundo abaixo da mítica marca dos 50 dias, algo que ainda há menos de um ano atrás era considerado extremamente difícil. Neste momento o barco já navega a nordeste dos Açores e encontra-se a menos de 1000 milhas de Ouessant, o ponto de partida, e chegada, da volta. O Groupama está a passar por uma região de alguma instabilidade mas está a conseguir navegar acima dos 20 nós e a sua aterragem está prevista para próximo das 12.00 horas de amanhã, sábado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O recorde volta a ser possível


Depois de três dias de algum desânimo devido ao atraso cada vez maior em relação ao tempo de referência do Orange 2, o Groupama 3, o trimaran gigante de Franck Cammas que está a tentar bater o recorde da volta ao mundo à vela, ganhou 200 milhas nas últimas 24 horas em relação ao seu concorrente virtual e tem tudo para conseguir reduzir essa diferença a zero já nas próximas 24 horas. E isto porque enquanto o Groupama 3 está a navegar a 29 nós, o Orange 2 há cinco anos atrás, nesta mesma latitude, encontrava-se numa zona de calmarias a fazer 2,5 nós. Tudo depende agora do Groupama 3 não ter avaria nenhuma e das previsões actuais de ventos moderados de sudoeste nos próximos dias, se manterem. Caso tal aconteça, o Groupama 3 deve chegar a Ouessant antes do fim de semana e com um tempo 12 a 20 horas abaixo dos 50 dias, 16 horas e 20 minutos conseguidos pelo Orange 2 em 2005 e que, desde então, ninguém conseguiu bater.

terça-feira, 9 de março de 2010

Avanço torna-se atraso


Tudo parecia estar a correr bem ao Groupama 3 de Franck Cammas nesta sua terceira tentativa de bater o recorde da volta ao mundo à vela. Na passagem do Cabo Horn, na quinta-feira passada, o skipper francês tinha um avanço de quase 300 milhas sobre o tempo feito pelo catamaran também francês Orange 2 há dois anos atrás mas com os ventos fracos que apanhou nos últimos dias, e que o obrigaram a navegar para leste em direcção às Malvinas, a situação alterou-se, e de que maneira. Neste momento o Groupama 3 já está com um atraso de 350 milhas em relação ao Orange 2 e embora já tenha conseguido apanhar vento que lhe permite navegar para norte, em direcção ao Equador, as previsões meteorológicas não jogam a seu favor. Hoje e amanhã deverá apanhar duas frentes de sul, sudoeste com rajadas fortes que podem aproximar-se dos 40-50 nós, o que o vai obrigar a rizar velas e a navegar com algumas precauções, enquanto depois de quarta estão previstos dois a três dias de calmarias. Se na primeira metade da volta, este atraso e estas condições poderiam não parecer graves, agora, com pouco mais de 5000 milhas de navegação pela frente, a situação é bem diferente e qualquer atraso ainda maior pode revelar-se fatal para o recorde.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem disse que um cata não dá adrenalina?


Já está na net há alguns meses mas eu, pelo menos, ainda não tinha visto. O barco é um catamaran australiano de 14 metros, o "Sultanate" e seu skipper, Ian Sloan. Ian vinha a subir a costa leste da Austrália, desde a Tasmânia, e resolveu entrar no estreito de Southport. Teria sido mais seguro subir mais umas 100 milhas até Brisbane e depois descer pela ria interior outras tantas milhas até Southport, mas por algum motivo decidiu tentar a sorte e entrar directamente no estreito, e isto muito embora o mesmo tivesse ondulação quebrada de cinco metros. Esperou cerca de 12 horas à entrada do estreito e de repente, sem que nada o fizesse prever, avançou à frente de uma onda. Como num bom filme de cowboys norte-americano, por momentos parece que o catamaran se vai atravessar todo à onda mas no final, tudo termina bem. É caso para dizer, "não foi desta".

sexta-feira, 5 de março de 2010

Agora o Atlântico


Franck Cammas e o seu Groupama 3 já dobraram o Cabo Horn e agora "só" já têm pela frente 6500 milhas até chegarem a Oueussant, a pequena ilha no extremo noroeste de França de onde partiram à exactamente um mês para bater o recorde da volta ao mundo à vela. Ainda têm um avanço de 150 milhas relativamente ao tempo do Orange 2, o barco também francês que em 2007 estabeleceu o actual recorde, mas podem vir a perder este avanço já nas próximas 48 horas se se confirmar a zona de calmarias que têm a nordeste do Cabo a qual, a confirmar-se, vai obrigar o Groupama 3 a ir buscar ventos umas 400 milhas mais para leste, já próximo das Malvinas. Na primeira tentativa de bater o recorde, em 2008, quando o barco navegava o sul da Nova Zealândia, uma das traves laterais de fixação dos bolbos partiu-se, o Groupama 3 virou-se e a tentativa de bater o recorde da volta ao mundo teve que ser adiada. Agora,a estrutura do barco tem-se portado razoavelmente bem, os ventos têm sido do melhor que há, mas nesta subida do "velho" oceano, tudo ainda pode acontecer. 150 milhas em trimarans gigantes como este que fazem mais de 700 milhas por dia é pouco mais que nada.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Assustador!


Apesar de por cá não ter sido tão assustadora como se previa, a tempestade Xynthia ganhou força na Biscaia e atacou com toda a força ao aterrar na costa oeste francesa. E apesar de uma tempestade destas não aterrar num lugar só - a sua frente era de centenas de quilómetros - a zona de La Rochelle, onde se localiza a marina de Minimes, a maior da Europa, foi duramente atingida. De tal maneira que o vento - e a maior maré cheia dos últimos 100 anos - conseguiram afundar, danificar e "empoleirar" dezenas de barcos a motor e à vela. A posição de equilíbrio no ar em que este catamaran de 14 toneladas ficou, mostra bem a violência do que aconteceu. Foi a 1000 quilómetros de Portugal, mas se a natureza assim o tivesse decidido, podia perfeitamente ter sido em Aveiro, na Figueira, em Cascais, ou em Lisboa. Assustador, não é?

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Tsunami de que o Rui se safou


A ideia paradisíaca que temos das ilhas Galápagos pode não corresponder à realidade. Que o diga Rui Soares, o ANCista que está a dar a volta ao mundo no Thor VI. Rui encontrava-se, e encontra-se, em Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz, uma das duas maiores do arquipélago, quando teve lugar o recente terramoto do Chile. Passada nem uma hora do sucedido, o Thor VI, assim como todos os outros barcos que se encontravam fundeados na baía da cidade, receberam ordens do comandante do porto para saírem para o mar e lá ficaram durante algumas horas até os efeitos da Tsunami provocada pelo terramoto terem passado. O video junto, mostra do que se safaram, e o que sofreram os barcos que lá ficaram, incluindo dois que fazem parte da mesma volta ao mundo em que o Thor VI está inserido e que não saíram para o mar, um (Hallberg Rassy) porque estava sem motor e o outro (um Beneteau) porque estava sem tripulação!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Espectáculo na certa


Há uns três anos atrás ficámos todos a chorar quando Lisboa foi perterida em favor de Valência como o local de realização da America's Cup de 2008 mas parece que agora vamos puder tirar a barriga de misérias com o anúncio oficial feito hoje que a cidade vai ser uma das sete escalas da próxima Volvo Ocean Race. Para além de Lisboa, a única outra escala também já oficial é a Cidade do Cabo, na África do Sul, a qual vai servir de palco á chegada da primeira etapa que compreende a descida do oceano Atlântico. Por definir ainda estão a escala a seguir a esta, de ligação do Atlântico ao Médio Oriente, a terceira no extremo leste do oceano Ìndico, a quarta, algures na costa leste do continente asiático, a quinta, na costa oeste do oceano Atlântico, e a sétima, na Europa Central, antes da chegada à Noruega, onde deve terminar a prova. Entre as cidades candidatas á segunda escala, as que se perfilam como as mais prováveis são o Dubai ou o Abu Dhabi, enquanto Auckland na Nova Zealândia é apontada como quase certa para a terceira. Daqui a frota da Volvo Ocean Race deve rumar para a China. A grande dúvida reside nas duas outras etapas, a da costa oeste do Atlântico e a da Europa central. Tanto São Sebastião, no litoral de São Paulo, como a cidade norte-americana de Nova Iorque mostram-se muito interessadas na primeira das duas, enquanto para a escala da Europa Central haveira uma disputa entre a cidade francesa de Lorient e a irlandesa de Gallaway. No caso da etapa portuguesa, a base da mesma vão ser as antigas instalações da Docapesca, em Pedrouços, sendo muito provãvel que depois da etapa, as mesmas sejam transformadas numa zona residencial de luxo, um pouco á semelhança da Expo, com marina. Para já a Volvo conta com quatro barcos inscritos: o Puma norte-americano, o Groupama 4 francês, o Telefónica espanhol e o Fiat italiano.