domingo, 28 de fevereiro de 2010

40 nós em Cascais

Pelo menos em Cascais, a baixa cavada que nos visitou ontem não foi tão forte como se esperava mas não foi por isso que deixou de ser um espectáculo inolvidável. Vento forte do quadrante sul e mar zangado juntaram-se numa combinação mutante verdadeiramente íncrivel, daquelas que só muito de vez em quando temos a oportunidade de ver. Para quem não teve a sorte de estar lá à hora certa - entre as 12.00 e as 13.00 - aqui ficam quatro fotos que mostram bem como lá se estava.


Vista da marina em direcção à Parede, com o mar a entrar pela baía como é raríssimo ver-se. Acredite-se ou não, além de alguns barcos de pesca, havia um veleiro fundeado na baía que lá ficou a apreciar o espectáulo em primeira mão.


A entrada da marina vista do pontão de recepção. Para as ondas conseguirem passar o "chão" de rocha que há a sulsudoeste dele e ainda chegarem ao molhe com aquela violência, imagine-se a força do mar.


O molhe exterior, junto ao farol de Santa Marta. As ondas mais altas passavam o molhe e passavam por cima do convês dos barcos amarrados nos pontões mais próximos do dito.


O mar junto ao forte de Oitavos, a meio caminho entre o farol da Guia e o Cabo Raso. Repare-se na formação das ondas com rebentação, bem para lá da zona natural de formação das mesmas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A caminho do Pacífico


Quase um mês depois de ter deixado a Bretanha para a sua tentativa de bater o recorde da volta ao mundo à vela conseguida em 2005 pelo Orange 2, o Groupama 3 de Franck Cammas parece ter todas as condições para conseguir alcançar o feito. Na quarta-feira passada, o trimaran gigante entrou no oceano Pacífico com um avanço de 360 mlhas, relativamente ao conseguido pelo Orange 2 no mesmo numero de dias e segundo as últimas previsões meteorológicas, poderá conseguir aumentar este avanço para 650 a 700 milhas quando, daqui a umas duas semanas, chegar ao Cabo Horn. Apesar da primeira parte da viagem não ter corrido da melhor forma - a falta de vento durante alguns dias no Atlântico fez com que o Groupama 3 passsse o cabo da Boa Esperança com um atraso de 340 milhas em relação ao tempo do Orange 2 - uma superfície frontal no Índico que praticamente acompanhou sempre o barco até ele chegar à longitude da Tasmânia permitiu-lhe não só recuperar esse atraso como ganhar as 360 milhas que dispõe actualmente. De acordo com a equipa de terra do Groupama, com um pouco de sorte, o veleiro pode conseguir fazer a maior parte da travessia do Pacífico com outra superficie frontal a acompanhá-lo quase até ao continente americano o que, faria com que só com um grande azar no Atlântico o recorde não venha a ser batido.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Rajadas verticais?


Os últimos naufrágios de barcos de pesca na costa portuguesa não podem deixar de tocar fundo em qualquer um de nós que gosta do mar sobretudo porque as vidas que se têm perdido são de homens que estão no mar para ganhar o seu sustento. Do ponto de vista náutico, porém, o naufrágio do "Concordia" no Brasil, apesar de não ter causado vítimas, é o mais assustador. Não só por causa do tamanho do barco - o "Concordia" tinha para cima de 50m de comprimento o que fazia dele já um barco a sério, - mas também por causa das aparentes causas do naufrágio: uma rajada vertical que o terá feito adornar para lá do ponto de retorno. Rajadas verticais em terra já tinha ouvido falar delas. Têm lugar sobretudo em zonas montanhosas - as da Arrábida no verão são famosas - e em menor grau em terrenos agrícolas entre plantações diferentes. No mar, pelos vistos também existem mas suponho que são daqueles fenómenos como os FCT (fenómenos de convergência térmica) os quais sempre existiram mas só agora se começam a perceber melhor. As próximas semanas vão ser interessantes para ficarmos a saber mais sobre elas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tecnicamente genial, mas pouco mais


Depois de dois anos e meio de discussões nos tribunais e fora deles, a 33ª America's Cup lá teve lugar em Valência. Tanto na primeira como na segunda regata, o BMW Oracle/America 17 não deixou margens para dúvidas sobre qual o melhor barco em prova. Na primeira ganhou ao Alinghi 5 com uma vantagem de 15 minutos e 29 segundos (num percurso de 40 milhas) enquanto na segunda (com 39 milhas) ficou-se por cinco minutos e 25 segundos. Para quem, no entanto, se lembra das últimas America's Cup com vários monocascos a competir uns contra os outros, metro a metro e prova a prova, e depois com uma final a dois, a edição deste ano ficou muito longe das emoções do que é uma America's Cup "a sério". Valeu a genialidade técnica dos responsáveis pela concepção dos dois barcos, sobretudo a equipa do America 17 com a sua ideia, bem conseguida, de substituírem a vela grande por uma asa gigante que permite ao barco fazer mais de 20 nós em oito de vento aparente. Resta-nos a esperança que Larry Elison, o todo poderoso patrão da Oracle, armador do America 17 e, em última instância, o homem que vai decidir o figurino da próxima edição, opte porque ela seja novamente uma America's Cup à antiga: com barcos, muitos barcos, e com regatas, muitas regatas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Marius o grande, Paulo o temerário, e os outros


Bom tempo, solinho, céu cinzento, pingos de chuva, mar calmo, mar batido, vento de porão, vento a sério, o cruzeiro "Rio Acima", apesar de pequeno nas distâncias, teve um pouco de tudo. Depois de um sábado marcado pela chegada da frota à Marina do Parque das Nações (MPN) e um programa "sociah" bem simpático organizado pela empresa Rui, Selma & Cia, domingo estava reservado para navegações a sério. A saída da MPN para Alhandra teve lugar pouco depois das 10.30 com doze barcos, dos três aos 15 metros a partirem para a pequena grande aventura que é sempre qualquer subida do Tejo. E foram exactamente o barco maior, o "Atria 45" e o mais pequeno, o "Blue Seven Aux" que protagonizaram as aventuras do dia. Dirigido pelo comandante Marius França Pereira, o "Atria 45" com os seus 2,8 metros de calado, fez-se valentemente às surpresas do canal para Alhandra que, apesar das dragagens do ano passado, continua mal marcado, nomeadamente junto à bóia 6 a qual devia estar uns bons 20 metros mais para sul (alguém me explica como é que a APL, tão zelosa em certas coisas, é tão desleixada nisto?). Pois lá chegado, e apesar do rio na altura já estar com meia maré, o Atria 45 ainda andou por instantes a "O" centímetros do fundo mas a calma e o sentido de orientação do seu skipper fizeram-nos descobrir o canal qual caminho marítimo para a Índia, e o pequeno porta-aviões, apesar do susto, lá chegou a Alhandra sem uma beliscadura.


Quanto ao pequeno Blue Seven Aux, partiu da MPN com um motor eléctrico de 0,75kw, o equivalente a 1cv, tendo como timoneiro Paulo Martins. Apesar do seu espírito aventureiro, a mareta que se fazia sentir para norte da Ponte Vasco Gama, falou mais alto, e Paulo viu-se obrigado a fazer uma parte da viagem à boleia de outro barco do cruzeiro, mas antes de chegar a Alhandra fez questão de voltar com o seu barco para dentro de água, para lá chegar pelos seus próprios meios, eléctricos. Com a água que apanhou pelo caminho, poder-se-ia dizer que tinha ficado vacinado para outra experiência do género mas Paulo diz que só precisa de um dia com "mar" um pouco melhor para conseguir fazer o percurso todo sem ajudas. Fixe, meu!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Alhandra here we go


Faltam menos de 48 horas para o arranque do cruzeiro "Rio Acima" que vai levar quase 20 veleiros de Lisboa até Alhandra. Parece uma brincadeira de crianças - afinal Alhandra está mesmo às portas da capital - mas para que tudo corra bem o eu, o comandante Rui e o comandante Tokatoka, os três carolas por trás do passeio - já perdemos umas boas horas a falar com os responsáveis disto e daquilo, a estudar percursos, a verificar previsões de tempo, e outras coisas (incluindo o arranjar um semi-rigido com motor eléctrico para quem o quiser experimentar na Marina do Parque das Nações na véspera do passeio). Só quando tudo tiver terminado vamos puder dizer como correu, mas que vai ser engraçado verificar se pensámos em tudo e se o tempo se aguenta, lá isso vai.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Lisboa bo show


O nome completo é Lisboa Boat Show, eu sei, mas aquilo é tão pequenino, pouco mais de meio pavilhão da Fil, que não sei se não seria mais apropriado um outro nome que transmitisse por um lado a ideia que o evento é uma feira de barcos mas que, ao mesmo tempo, não nos deixasse ilusões sobre a sua dimensão. Mas, posto isto, até que vale a pena ir á feira. Encontra-se gente barcófila com muitas histórias para contar, vê-se, mesmo assim, uma ou outra novidade, e vem-se de lá com ideias. O motor eléctrico da Geeqardo, o novo semi-rigido 646 da Hydrosport, o Black Fin da Touron, o Capelli cabinado da Angel Pilot, o Bavaria 32 e o Dufour 40E, o Azimut 58, etc, etc. O fim de semana é curto, é verdade, mas quem ainda não foi e não está ainda a incluir uma visita à feira, é capaz de depois vir a arrepender-se.