terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Strand Craft 112

Este ainda não existe em carne e osso mas se o preço do petróleo continuar nos actuais níveis, não me admira que um dia destes surja uma encomenda para um vindo da Rússia, ou do Abu Dubai, ou ainda dos Emirados Arabes Unidos. Chama-se Strand Craft 122, como o próprio nome indica tem 122 pés, e é, digamos, hiper-luxuoso em todo. Tem dois motores Rolls Royce que lhe permitem atingir uma velocidade de ponta de 55 nós - Cascais-Algarve em menos de duas horas, um salão com 20 metros de comprimento, cabines dignas de reis, e uma "garagenziha" à popa para um carrinho equipado com um motor de 12 cilindros em "V" com 880 cavalos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lá continuamos a ser os "maus" do costume


Uma das ideias brilhantes do tempo do nosso querido PREC pós-25 de Abril foi a de que quem tinha um barco maiorzinho que um barco a remos tinha que ser era "facista", "capitalista" ou algo parecido. Veio a democracia, e o ter-se barco deixou de ser um pecado tão grave mas passou a ser identificado tanto a nível da comunicação geral como da rua como um sinal de fuga aos impostos. Volta não volta, quando se falava no assunto na televisão ou nos jornais, lá víamos imagens dos pontões da marina de Vilamoura e das suas grandes lanchas (porquê sempre a marina de Vilamoura?) ou de algum barco (normalmente uma lancha porque um veleiro não tem tanta "graça") em lenta evolução, e a entrar ou saír da mesma marina. A paranóia chegou a tal ponto que quando havia grandes lanchas na Nauticampo, tinha que haver, pelo menos num dia da feira, uma visita de dois ou três inspectores das Finanças aos stands das ditas grandes lanchas. Era obrigatório! Pois estamos em 2010, já meio próximos de 2011 e os barcos ainda continuam a ser dos "maus". Pelo menos é o que se pode concluir da foto acima, publicada no Público de ontem com o título "Fisco continua a ignorar sinais exteriores de riqueza". Quando será que gente que supostamente devia ter um bocadinho mais de cabeça que a maioria, deixa de atirar pedras aos "coitadinhos". Dá vontade de os convidar para uma conversa com uma cervejinha ao lado para lhes explicar que este discurso dos barcos já está muito ultrapassado e cheira a mofo.

domingo, 29 de agosto de 2010

Encalhado num baixio não mapeado


Aconteceu ontem no Oceano Ártico. Aproveitando o degelo provocado pelo aquecimento global, um navio de passageiros especializado em passeios na região, o Clipper Adventure, aventurou-se por águas antes completamente geladas a norte dos territórios setrentionais do Canadá e encalhou. Para já não há grandes informações do acidente a não ser que o barco está com uma inclinação de uns cinco graus para bombordo e não estará a meter água. Não há feridos e os passageiros estão a ser tirados do barco e encaminhados por outros barcos para a pequena cidade de Kugluktug, a localidade mais próxima. A região onde o Clipper Adventure encalhou encontra-se relativamente próximo da rota que o aventureiro brasileiro Betão pretende seguir no ano que vem na sua tentativa de ligar a Groelândia com o Estreito de Bering.

Punta Arena e Punta del Garda


Todos sabemos que os bifes não são os melhores poliglotas do mundo mas um, de nome Nicholas Hill, excede as melhores expectativas. Velejador temerário, com dezenas de viagens oceânicas no seu curriculum tanto do sul de Inglaterra, onde vive, para o outro lado do Canal da Mancha e para o Mar do Norte como para os Açores, onde o seu veleiro de 27 pés já foi duas vezes, Nicholas descreve as suas viagens marítimas no seu site http://www.channelpilot.info/blog.php numa linguagem acessível e com uma boa profusão de fotos, sobretudo das entradas nos portos do centro e norte da Europa o que a nós meros mortais dos confins do sul do continente nos permite ter uma ideia de como será entrar-se lá de barco. O que, porém, me deixou baralhado, foi a sua descrição da chegada aos Açores. Depois de várias peripécias que o obrgaram a fazer uma escala não prevista no norte de Espanha, Nicholas faz um rumo directo aos Açores, apanha tempo qb e passados 14 dias de ter deixado Plymouth, vê "Punta Arenas" no nordeste de São Miguel, ronda a ilha por leste e depois por sudeste e vem aterra em "Punta del Garda", onde se mostra surpreendido pela cidade, as gentes e a maior parte dos serviços da marina (a lavandaria é que parece que não o agradou). Estupendo, mas há qualquer coisa que não está certo, não há?. Punta Arenas, Punta del Garda? Será que isto afinal não é na América do Sul e não tem nada a ver com os Azores? Podia ser, mas não é. O mapa do rumo seguido por Nicholas não deixa margem para dúvidas: o tipo foi mesmo aos Açores. Mas então onde é "Punta Arenas" e "Punta del Garda"? Quem vem de Inglaterra para São Miguel, a primeira coisa que deve ver de terra, ou que pode ver, é a Ponta do Arnel, no extremo nordeste da ilha. Punta Arenas, Punta do Arnel... Dever ser. E quanto a Punta del Garda, pus outra vez a cabeça a funcionar e lembrei-me que na costa sul da ilha só há duas marinas. Uma em Vila Franca do Campo, e a outra em Ponta Delgada. "Punta der Garda", só pode ser, não é? As descrições das viagens do homem, e são muitas, até são engraçadas mas se ele é tão preciso com nomes como com estas, é melhor ler-se as descrições com um "pinch of salt" como dizem os próprios bifes.

sábado, 28 de agosto de 2010

Scapa Flow

O U36, irmão do U47

Já tinha ouvido várías vezes o nome mas se me perguntassem onde ficava, não fazia a mínima ideia. Até podia ser no Hawai ou nas Ilhas Marquesas, mas só agora neste mês de Agosto, quando um livro sobre a saga dos U boats me veio parar às mãos, é que me dei conta do que foi. Fica nas ilhas Orkney, a norte da Escócia, e é o nome de uma baía muito grande e quase fechada, que os ingleses tanto na primeira como na segunda guerra mundial usaram como base natural para a sua frota de guerra. Em face da sua imagem de "impregnável" e da quantidade de barcos de guerra que tinha no seu interior, era uma tentação atacá-la e o almirante Donitz, o comandante da esquadra alemã de U boats desafiou um dos seus comendantes, Ghunter Prien, a entrar na baía - e a fazer o máximo de estragos no seu interior. A única entrada da baía era
O trajecto da entrada e saída do U47 na baía

fortemente guardada e minada e era suicídio entrar por ela mas os alemães decidiram arriscar fazer passar o U boot de Prien por uma micro-entrada onde havia três navios da primeira guerra naufragados. O único espaço possível para se entrar por lá era uma pequena brecha entre dois dos três barcos onde a profundidade era de apenas oito metros na preia-mar. Em navegação abaixo da superfície, o U-47, o submarino de Prien, ainda raspou na corrente da âncora de um dos barcos mas conseguiu passar e acabou afundando um dos maiores couraçados da Royal Navy, o Royal Oak. Apesar das fortes defesas da base, na altura pensou-se que o ataque tinha sido obra de um avião. Para além do afundamento do Royal Oak, o ataque teve, na altura, um grande efeito psicológico na marinha de guerra alemã mas a aura dos U boot só durou até meados de 42. Daí para a frente, com a invenção do sonar e outras inovações tecnológicas de luta anti-submaria, as forças aliadas, aos poucos, conseguiram acabar com o domínio dos U boot. Dos 2000 que os alemães construíram entre 1939 e 45, mais de 1000 foram afundados em combate, enquanto 500 foram descomissionados por envelhecimento natural. Dos restantes, 300 foram entregues às forças aliadas no fim da guerra e 200 foram destruídos pelas suas tripulações a seguir ao anúncio da capitulação das forças Nazis. Curiosamente destes 200, dois foram destruídos nas costas portuguesas, um deles próximo de Leixões.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Bluenose e os doris


Há muito tempo que não me debruçava sobre a pesca do bacalhau que tantas tradições tem para nós portugueses mas hoje, ao tentar descobrir dados na net sobre o "Bluenose", um brigue canadiano cheio de história de que vamos falar na próxima Barcos&Barcos, descobri algumas fotos históricas fantásticas sobre esta faina

que, afinal, além de faina tem também a ver com vela. Deixo aqui duas delas, uma do próprio Bluenose e outra de uma fila de doris todos espaçados, e todos com vela. A qualidade não é excelente mas o assunto, a beleza do Bluenose, e o posicionamento dos doris a perder de vista compensam, e de que maneira.